13/10/10

PROCESSAMENTO DA INFORMAÇÃO NO AUTISMO: ESTRATÉGIAS MAIS ADEQUADAS

Nas crianças com autismo, a “via linguística” é, com frequência, a mais fraca.

É habitualmente esse o caso de crianças que, por um lado, parecem deixar de ouvir grande parte dos enunciados que lhes são dirigidos e que, por outro, mesmo ouvindo outras pessoas a usá-las, não aprendem palavras novas com facilidade. É, aliás, típico não fazerem uma aquisição “acidental” da linguagem, ou seja, não lhes basta ouvir outras pessoas a falar para aprenderem novas palavras.

Tendo em conta esta característica, o ideal será complementar a “fraqueza” do sinal proveniente do modo linguístico com um sinal mais eficaz de outro modo de comunicação. Frequentemente, nas crianças com autismo, esse modo mais forte é o visual. Sendo assim, associar estímulos auditivos a estímulos visuais ajuda a receber e a reter mais eficazmente a informação.

Um bom ponto de partida é a utilização de representações visuais atractivas que ajudem a captar a atenção: podem ser alimentos preferidos, brinquedos favoritos, imagens de locais onde a criança gosta de ir, etc. Com essas imagens podem ser construídos exercícios que serão usados para promover competências ao nível da linguagem receptiva (mostrar, entre duas imagens, qual é a banana, por exemplo) ou expressiva (nomear um objecto ou, a um nível mais complexo, descrever o contexto de uma imagem, por exemplo).

Qual é o tipo de tarefa e material mais adequados para uma determinada criança vai depender, obviamente, do nível de linguagem receptiva e expressiva em que ela se encontra.

Em níveis iniciais, pode-se começar por recorrer a objectos tridimensionais e, a pouco e pouco, vai-se intensificando o nível de abstracção, passando para as fotografias, as imagens coloridas e, só depois, os desenhos só com contorno.

Para além disso, para algumas crianças em particular, o alfabeto é particularmente atraente e, portanto, o reconhecimento visual de palavras é uma boa forma de apoiar a compreensão auditiva, fornecendo uma pista visual adicional.

Adaptado de: Siegel, B. (2008). O mundo da criança com autismo. Porto Editora

1 comentário:

  1. O meu Diogo tem Esclerose Tuberosa, e como tal tem epilepsia e já confirmados comportamentos autistas, desde os 3 meses que é acompanhado em psico-motricidade na clínica Estimulopraxis e aplico algumas destas regras/dicas há já algum tempo. Espero aprender mais um pouco aqui neste blogue para melhor preparar o meu filho. Obg.

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